domingo, julho 06, 2014

Violencia

António tinha olho castanho-escuro, testa marcada com rugas de expressão, cabelo curto. As mãos compridas com veias salientes e um olhar que conseguia ser inquietante. Cheirava a perfume e ela gostava tanto... Gostava de música e perdia-se vezes sem conta entre discos de jazz na sua loja de eleição. Tinha conhecido Ana Paula nessa loja, num dia de muito sol.

Se eu te contar que me incomodas em sonhos
E mesmo assim te explicar que latente em mim
Fica o suspiro de ainda sentir o teu perfume
Pelas inúmeras esquinas onde nos encontrámos

Se eu te disser que espalho pedras de cânfora
Que me apago num desespero de sentires
Porque me incomoda esta semente que existe
Dentro de mim e que me tortura para regressar

Se eu te disser que te odeio, que estou mal disposta
Que tu és o resumo de todas as minhas loucuras
Que me puxas para um canto sem canduras
Que me empurras contra uma parede de vidro

Se eu te explico e mesmo assim, continuo a sentir
As lágrimas do desespero a caírem por ainda não ter
Morrido tudo de mau que há em mim e pergunto,
Serei eu mesmo má, impossível gostar de mim assim?

5 comentários:

Anónimo disse...



Impossivel não gostar...
Continuas brilhante, obrigado (K)

Anónimo disse...

Sara, fico contente por teres voltado a escrever no teu blog.

Beijos,
Erika ;-)

Daniel Aladiah disse...

Querida Laura :)
Bem aparecida... nunca sei se sei... como estás?
Beijo
Daniel

Anónimo disse...

Continuo a apreciar os teus escritos

é com um prazer enorme que te continuo a ler

Um anónimo

Anónimo disse...

Por decerto será pelos muitos afazeres que tendes que estais pouco de escritas. Mas faz um esforço e recomeça com mais assiduidade.

Despido_de_tudo