segunda-feira, março 13, 2006

bizarre love triangle

Adoro pessoas ocupadas,
Ocupados por tudo e por nada
Ocupadas na vida e bem consideradas
Sempre cheirosas e aprumadas

Adoro pessoas competentes
Cheias de procedimentos e regras
Pessoas que nunca falham
Pessoas que nunca erram

Adoro seus fatos e factos
Seus estados e estudos
Suas maneiras e peneiras
Seus Natais são meus Entrudos

Adoro esta vida rotineira
Escrava dum relógio despertador
Ultimo modelo ultima marca
Que desperta carne não desperta almas

Por isso ando suja
Mal composta e indisposta
Sem mas nem porquês
Deixo-me arrastar num sonho
Que é só meu e nunca será teu

Por isso eu grito
Por isso eu choro tanto
Por isso me sinto só
Por isso me pergunto
“Ando à espera de quê?”

Esta vida que vivo é minha?
Não a sinto como tal...
Merda lixei-me

3 comentários:

Fragmentos Betty Martins disse...

Olá Laura

Grita
chora
só – às vezes
pergunta – sempre

Mas – vive - INTENSAMENTE!

Beijinhos

A Burra Nas Couves disse...

Há um sítio, bem dentro da nossa cabeça, onde ninguém consegue chegar. Só se deixarmos. Esse sítio ninguém nem nada nos pode tirar. Aí está a nossa vida e o que nós quisermos fazer dela.............para o bem e para o mal.

Anónimo disse...

Laura,

Adoro muito mais a sujeira da sua angústia sonhadora a todas as realizações dos assépticos enfatiotados.

O que andamos você e eu a esperar que não abandonamos as nossas vidas que, deveras, não são nossas?

Acho que entendo você um pouco e você fez-me entender um pouco mais a mim com essa sua poesia.

Desculpas pelo meu silêncio. Vivo nele às vezes para suportar a dor que me dilacera justamente por causa da tensão dilacerante entre o desejo de viver a VIDA e de estar vivendo a vida.

Um beijo.