quinta-feira, agosto 04, 2011

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Adormeceu rapidamente como acontecia desde estava com João Carlos, em adolescente Ana Paula sofria de insónias, o sono pouco lhe permitia serenar. Naquela noite e depois do encontro com Fernando ao ter chegado a casa João Carlos tinha-lhe preparado um jantar romântico, gostava de lhe ter dito o que sentia, explicar-lhe o que lhe ia na alma. Infelizmente não o conseguiu, infelizmente porque sempre tinha partilhado com João Carlos o que a sua essência sentia.
Os copos de cristal brilhavam na sala por causa do centro de mesa que João tinha deixado aceso. Ana Paula ao entrar em casa é encadeada por um feixe de luz que entrava pelo hall vindo da sala de jantar. Espreitou visão deliciosa a mesa estava lindíssima. A toalha de linho oferecida pela mãe de João no dia em que começaram a viver juntos, as louças os talheres especiais.
- João onde estás querido? – perguntou Ana Paula com um aperto no peito. Sentia-se culpada.
- Na cozinha, anda cá – disse João Carlos. Estava de costas, Ana abraçou-o, sentindo o seu perfume, respirou paz, deixando a sua cabeça encostada à dele durante alguns instantes.
- Estás cansada querida? – perguntou João acabando de limpar as mãos, ficando de frente para Ana Paula. As suas mãos seguravam a face de Ana Paula que apresentava já sinais de cansaço. João fixava Ana Paula com firmeza, ele era assim, seguro e meigo, ao mesmo tempo que pairava nele um misto de menino perdido. Ana sentia-se diferente ao seu lado, diferente de uma forma estranha. Lembrava-se que a palavra do meio, no início da relação era Estranho. Era tudo Estranho, as semelhanças eram estranhas, os sentires eram estranhos no fundo apenas dois seres muito mal amados que finalmente se tinham encontrados descobrindo-se todos os dias.
- Leva o vinho para a sala, podes começar a servir. Vou tirar o peixe do forno, fiz o teu preferido, salmão com lagosta em molho de limão.
Apenas necessitou de dez minutos para adormecer, ouvia ao longe a voz de João Carlos e de quando em vez a imagem de Fernando. Adormeceu como habitual, de lado aninhada em João Carlos com uma mão em cima do seu peito e a outra a segurar-lhe o braço.
Acordou suada com o cabelo todo colado à cabeça, o telemóvel tinha dado sinal de mensagem, em sobressalto agarrou-o, tentou ler mas estava sem óculos. João Carlos já tinha acordado e estava na casa de banho surge à porta da mesma voltada para o quarto e pergunta-lhe se ela precisa de ajuda para ler. Ana disse que não, mas mesmo assim ele entrou no quarto e pegando no telemóvel começa a ler alto.
- Ana Paula, hoje acordei com um sorriso nos lábios. Dormias ao meu lado. Apeteceu me tocar na tua alma inquieta e em constante mutação. Não o fiz. Optei por ficar a olhar o teu rosto, aparentemente sereno e tranquilo, de quem por fim encontrou o porto de abrigo. Lá fora o vento sopra inconstante e a chuva miúda bate timidamente na persiana. Oiço ao longe o barulho das ondas que batem no cais. Beijo Fernando

1 comentário:

Daniel Aladiah disse...

Querida Laura
O amor potencial existe, logo tudo depende das circunstâncias e da compatibilidade energética dos nossos corpos/almas.
Um beijo
Daniel