domingo, agosto 31, 2014

            
ecos da memoria

tenho me lembrado mais do que nunca do som daquela noite da cor daquele céu e do ar fresco,
lembrado mais do que nunca da tua mão nas minhas calças dos teus suspiros no meu regaço da tua boca no meio seio
tenho me lembrado mais que antes ou qualquer presente do teu suor nas minhas costas do teu rubor no espelho dos dedos dos teus pés dobrados
lembrado assim e porque me tira o ar sem piedade da força dos teus braços da pressão dos teus joelhos dos teus dentes na minha pele
tenho me lembrado e mesmo assim as tuas mãos continuam abertas sobre as minhas costas a minha cara continua enfiada na almofada
lembrado sem qualquer pudor de me esquecer dos gemidos abafados pela tua mão do sabão que me lava o corpo pelas tuas mãos
tenho me lembrado, lembrado, suspirado, transpirado, ruborizado, amordaçado, este desejo de desejo esta vontade de regressar de te pedir sem parar que não me abandones e ainda assim entendas que eu não sei ser de outra forma
lembrado de tudo e de nada de ti da tua alvorada da maneira como te transcendes e marcas em todo o corpo da tua violência da tua brutidez desmedida
tenho me lembrado tanto tanto tanto e mesmo assim estás dentro mais hoje mais do que nunca e a tua vontade será sempre a minha em mim te exerces com liberdade da mesma forma que eu me estendo e recolho tal planta carnívora
lembrado sem desespero sem enlevo sem culpa aquilo que me deixei tirarem para que me aceitassem melhor tanto medo tanto tanto
tenho-me lembrado do teu domínio do teu encanto e fascínio da tua força nos meus ombros das tuas mãos nas minhas coxas do teu recolher do teu continuar das minhas pernas em volta da tua cintura do teu cheiro do teu suspiro
lembrado do sabor daquelas uvas lembrado daquele frescura o vento sempre foi frio...
tenho me lembrado de te esquecer  e dias tenho que considero que nunca chegaste a existir
acredita que estou cansada...

amo me

1 comentário:

Anónimo disse...

Vim aqui hoje verificar se terias escrito mais alguma coisa e afinal"Ecos da Memoria" está sublime


Despido de Tudo