E abracei-te como era nosso
hábito fazer, sempre depois de uma conversa franca e longa, cheia de murmúrios
para que ninguém nos ouvisse. Abracei-te e mais uma vez voltei a sentir o teu
corpo e as tuas mãos, sempre as achei tão doces e expressivas. Sempre foste
doce, ou pelo menos mais doce do que alguma vez eu tenha sentido na minha vida.
Dei por mim novamente a imaginar como seria se o abraço não terminasse,
senti-me mal. Senti que mais uma vez a minha cabeça voava a mil em instantes
como se fosse uma daquelas maquinas de flash ultra-rápidas que os fotógrafos
usam na ansiedade de não perder um único instante. Mas a tua mão continuava na minha cintura e
os teus olhos falavam comigo, tinha deixado de te ouvir. Sabia que de certeza
falavas algo importante, pelo menos para ti. Mas eu gostava do teu toque, do
teu cheiro, mas não queria estragar o instante, por isso despertei. Coloquei a minha
mão sobre a tua mas um dedo prendeu me para eu não sair, usavas
a minha mão para te guiar. Abracei-te como era nosso hábito, mas o calor
do teu corpo deu-me vontade de mais. Abracei-te, abraçando-me e envolvi-me no
teu perfume, na tua pele macia, no cheiro da tua camisa fresca. Abracei-te e
durante breves longos instantes, respirei fundo. Fundo de paz de corpo cansado
fundo de paixão húmida fundo de vida. Como eu sei que isto que sucede agora
será o nosso agora e sempre, será o nosso passado presente e futuro. Mas como
eu me sinto bem, abraçada, enrolada envolvida. Com o mesmo carinho segurança
que nunca tinha procurado e que tão bem senti sempre que nos cruzamos nas
nossas longas conversas. Confesso que sempre as desejei mais longas, confesso
que sinto um enorme prazer em observar a ternura que tens no teu olhar. Uma paz
conquistada a pulso de parte a parte, talvez um deixar estar consentido de quem
sabe que está bem como está. Mas que não deixa de sonhar que se adora
apaixonar, sorrir, viver. E que vive de momentos tão simples e doces e que se
deixa inundar por uma profunda tristeza e solidão, Convencidos que a culpa será
sempre nossa, ficamos abraçados a trocar calor, eu de braços alongados ao longo
do corpo, envolta pelos teus braços, gosto assim. Abracei-te de pernas tremulas
e respiração profunda e mal me soltaste meus braços subiram até ao teu pescoço
e colei a minha face à tua. Lágrimas molharam-te, olhos nos olhos ficamos durante
longos instantes. Apetecia-me dormir rapidamente, desligar, puxei-te para mim,
empurrei-te. Corri, fugi de ti, até quando, até como, até onde, até ao próximo
abraço, até ao próximo desejo. Tanto que eu vou pedindo, não quero coisas,
quero apenas um abraço, abraço de alma, abraço, abraço, abraço. Abraço de
toque, abraço de som, abraço de leitura. Ninguém me impute a culpa de nada, com
isso não vivo mais, eu não escondo o que sou, eu não escondo o que preciso.
Apenas quero ,,,,não vou pedir mais….
1 comentário:
Olá, Sara...
Beijo
Daniel
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